Os dados da Pesquisa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pnera) de 2005 demonstram que apenas 5% das crianças até os seis anos de idade frequentam escolas da educação infantil no campo. E somente 3% estão em creches.
Diante desse contexto, representantes de movimentos sociais, professores, pesquisadores, técnicos dos ministérios da Educação e do Desenvolvimento Agrário vem discutindo a adoção de medidas para universalizar o acesso à educação infantil no Campo.
Para o diretor de Educação e Diversidade da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), Armênio Belo Schimidt, há a idéia equivocada de que a oferta do ensino está disponível a todos. “Essa universalização se dá na cidade, não no campo”, disse.
Estão matriculados no ensino fundamental 97% das crianças e jovens brasileiros, o que leva muitos a concluir que o atendimento nessa etapa do ensino é universal. Segundo Schimidt, as crianças e jovens que moram no campo não têm acesso à educação. “Os 3% fora da escola estão nas populações das periferias, do campo, ou são quilombolas ou indígenas”, destacou.
Geralmente, as crianças que não freqüentam as escolas recebem formação em casa, de suas mães, segundo Andrea Buto, assessora especial do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Por isso, de acordo com Andrea, é preciso discutir também a situação das mulheres do campo ao tratar de educação infantil. As mulheres formam 47% da população do campo, trabalham a metade do tempo, em relação aos homens, e ainda cuidam da casa e da formação dos filhos, disse Andrea. Mas apenas um terço delas apresenta algum grau de remuneração.
Na visão da assessora, é preciso criar condições de igualdade entre homens e mulheres no campo e universalizar o acesso à educação para que esse direito não fique sob responsabilidade exclusiva das mulheres. “A responsabilidade de formar as crianças deve ser coletiva”, defendeu.
A educação infantil é uma fase fundamental para o desenvolvimento integral das crianças, portanto, um direito fundamental e essencial à infância do campo. Daí a importância dos movimentos sociais do campo, educadores e pesquisadores ampliarem a luta em defesa da educação infantil do campo. Todas as crianças tem direito à educação. Todas as crianças tem direito à aprender e ser feliz.
Fonte: MEC