terça-feira, 31 de maio de 2011

Curso de Especialização em Educação no Semiárido anima professores no Território Vale do Guaribas

Na última sexta-feira (27/05) foi realizada a aula inaugural do Curso de Especialização em Educação para a Convivência com o Semiárido no município de Picos. O Curso está sendo oferecido pela Universidade Estadual do Piauí em parceria com Rede de Educação no Semiárido (RESAB), Secretaria Estadual de Educação do Piauí, Instituto Nacional do Semiárido e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e vai beneficiar 50 professores da rede pública de ensino de 20 municípios do Território Vale do Guaribas.
Na abertura do curso foi realizado o painel: "Educação para a Convivência com o Semiárido no Piauí" com a participação de Carlos Humberto (Cáritas Regional Piauí/Fórum do Semiárido) e Elmo de Souza Lima (RESAB/UFPI), que discutiu sobre a importância da educação contextualizada na construção de novas perspectivas de desenvolvimento sustentável na região.
Apresentação de teatro na escola
No segundo painel foi apresentado as experiências na área da convivência com o Semiárido, desenvolvida pelo Fórum do Semiárido, e no campo da educação contextualizada, construida pela Ecoescola Tomas Kempis, vinculada ao Centro de Formação Mancarú. As discussões sobre as experiências animaram os docentes, desperando-os para as possibilidades  que podem ser desenvolvidas nas escolas, em parceria com as famílias e as organizações sociais no sentido de construir práticas educativas voltada para a relidade local, bem como, comprometida com a construção de novas políticas de desenvolvimento sustentável no sertão.
A construção de hortas na escolas
Para a coordenação da RESAB, o evento foi importante por que monstrou para os professores que é possível construir propostas educativas voltadas para as necessidades socioculturais dos alunos. Além disso, provocou os educadores quanto aos desafios que eles terão no curso quanto a produção de novos conhecimentos didático-pedagógicos voltados para a consolidação de um projeto de educação para a convivência com o Semiárido no Piauí.
Trabalho com avicultura

Os professores cursistas se comprometeram em assumir o desafio de desenvolver novos projetos educativos, durante o período do curso, que sirvam de laboratório para a produção de novos saberes teorico-metodolóicos voltados para convivência com o semiárido, bem como, de sistematizar os conhecimentos acerca do semiárido nos seus municípios que permita a produção coletiva de novos materiais didáticos que poderão ser utilizados nas escolas da região.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Professora denuncia descaso na educação do nordeste em rede nacional

A professora de língua portuguesa do Rio Grande do Norte, Amanda Gurgel, denunciou ontem (22/05), no Programa do Faustão, a precariedade da educação desenvolvida nos municípios do Nordeste. Segundo a professora torna-se difícil contribuir com a melhoria da educação nas condições em que os docentes se encontram com salários baixos, falta de infra-estrutura e uma enorme sobrecarga de trabalho. Veja a participação dela no Faustão.
 Amanda Gurgel tornou-se conhecida no cenário nacional depois que o vídeo com o discurso que ela fez numa Audiência Pública da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte denunciando os principais problemas da educação no país foi divulgado na internet, conquistando mais de um milhão de acessos.
 No vídeo, Amanda criticou o salário-base de R$ 950,00 que recebe, falou da falta de estrutura das escolas e pediu respeito à secretária estadual da Educação (Betânia Ramalho). “Estão me colocando numa sala de aula com um giz e um quadro para salvar o Brasil. Salas de aula superlotadas, com os alunos entrando a cada momento com uma cadeira na cabeça porque não há carteiras na sala”, declarou a professora em relação à falta de estrutura.
Para Amanda Gurgel, “não tem como você ter qualidade em educação com professores com três horários em sala de aula. Porque é assim que os professores multiplicam os R$ 930,00. 930 de manhã, 930 à tarde e 930 à noite, para poder sobreviver”, relatou.
Ainda sobre as condições salariais, a professora foi direta: “O salário de um deputado só é suficiente para pagar o de 30 professores.” Em uma enquete realizada em todo país, 98% concorda com o discurso da professora.

Amanda Gurgel também faz sucesso no Twitter, conquistando mais de 300 seguidores em poucas horas. A “história” da professora ganhou destaque até no site do jornal O Globo, do Rio de Janeiro. Amanda Gurgel disse que ficou surpresa com tanta repercussão. “Claro que não esperava tanto. Estava fazendo apenas uma atividade corriqueira de militante”.

sábado, 21 de maio de 2011

RESAB programa abertura do Curso de Especialização em Educação Contextualizada

A Rede de Educação no Semiárido e a Universidade Estadual do Piauí realizarão a abertura do Curso de Especialização em Educação Contextualizada no Semiárido no dia 27 de maio/2011, a partir das 8h, na Escola Normal de Picos.
Na abertura do curso será realizado um painel: "
Educação para a Convivência com o Semiárido no Piauí" com a participação de Carlos Humberto (Cáritas Regional Piauí/Fórum do Semiárido) e Elmo de Souza Lima (RESAB/UFPI).
Complementando as discussões do painel, serão apresentadas algumas experiências na área da convivência com o Semiárido, desenvolvida pelo Fórum do Semiárido, e no campo da educação contextualizada, construida pela Ecoescola Tomas Kempis, vinculada ao Centro de Formação Mancarú.
De acordo com a coordenação do Curso, a idéia de iniciar o curso com essas experiências é uma forma de fazer com que as ações e projetos desenvolvidas pelas entidades e movimentos sociais possam nortear e alimentar o projeto de formação do Curso de Especialização.
Além desses momentos de troca de experiência, será realizada ainda uma Oficina de Plenajamento, com a participação dos alunos e das entidades da RESAB e do Fórum do Semiárido com o intuito de construir as estratégias de operacionalização do curso. 
Para a coordenação da RESAB, a idéia é definir uma proposta pedagógica que integre os momentos de formação na UESPI, os espaços de experimentação construídos pelos alunos e professores nas escolas com as experiências e intervenções desenvolvidas pelas organizações parcerias nas comunidades. 

Veja programação

quarta-feira, 18 de maio de 2011

MPA reivindica mudanças na política de Educação do Campo no Piauí


fotoa2170511Lideranças do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) se reuniram na tarde desta terça-feira (17) com o Secretário Estadual de Educação, Atila Lira, para reivindicarem a implementação de políticas voltadas para a melhoria da educação nas escolas do campo no estado. De acordo com as lideranças do MPA, além da falta de estrutura das escolas , muitos municípios estão chegando as unidade de ensino do campo e descolando os alunos para as cidades.
Durante a audiência com o Secretário, o MPA denunciou também as péssimas condições do transporte escolar nos municípios piauiense e a ressistências das prefeituras em adquirir os produtos da agricultura familiar para a merenda escolar, conforme determina a Lei Federal 11.947/2009.
Dentre as propostas apresentadas pelo Movimento dos Pequenos Agricultores ao Secretário de Educação, destam-se: Articulação da Secretaria Estadual de Educação com as prefeituras para melhorar a qualidade do transporte escolar, bem como garantir uma educação do campo de qualidade; Oferecer em parceria com a UESPI um curso de graduação na agronomia voltada para os trabalhadores e as trabalhadoras rurais em regime de alternancia; Ampliar a formação dos professores que atuam nas escolas do campo, dentre outras.
Para Maria José a educação piauiense precisa adotar cursos em sistema de alternância, como acontece em outros estados. “Estamos aqui para mostrar que os jovens trabalhadores rurais não querem fazer apenas cursos técnicos, sonhamos com cursos universitários oferecidos de acordo com a realidade da roça”, declara.
Para Átila Lira é importante que o Movimento se proponha a contribuir apresentando propostas para serem adotadas na política de educação do estado e colocou o corpo de técnicos da Seduc à disposição do MPA para colaborar na formatação dessas propostas. “A boa qualidade da educação passa pelas boas parcerias firmadas como essas. Também com os gestores municipais buscando formas de melhorar nossas ações”, declara.
Essa audiência com o Secretário de Educação faz parte da programação da Jornada Nacional de Lutas do MPA realizada no período de 16 a 20 de maio, que envolve também outras audiências com o Governo do Estado e secretarias: Secretaria de Saúde,  Cepisa, Chesf, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Anvisa, Conab, e Palácio de Karnak. O ojetivo desse atividade é encaminhar com o governo as reivindicações levantadas pelos camponeses e camponesas do MPA do Piauí.

domingo, 15 de maio de 2011

Camponês tem 5 vezes mais chance de viver na pobreza extrema

Enquanto o agronegócio batia recordes de produção, exportações e faturamento em vinte anos, cinco milhões de brasileiros fugiam do campo. Hoje, um quarto da população rural vive na pobreza extrema, segundo censo do IBGE. Nas cidades, miséria atinge 5% das pessoas. Grito da Terra 2011 pede 'ações emergencias' contra pobreza rural. Plano anti miséria do governo terá ações específicas para o campo.

 
BRASÍLIA – As estatísticas do agronegócio brasileiro em duas décadas impressionam. De 1990 a 2010, suas exportações multiplicaram-se por dez e hoje sustentam sozinhas o lucro do país no comércio com o exterior. A produção agrícola mais que duplicou e beira 160 milhões de toneladas ao ano, a maior safra do mundo depois da norte-americana. A economia rural enriqueceu seis vezes desde 1995 e atingiu R$ 180 bilhões em 2010. Foi o setor campeão de crescimento em dez anos, diz o ministério da Agricultura. Uma história de sucesso, portanto.

Essa história, contudo, é incompleta. O campo também exibe desalentado. Quem nasce ali tem cinco vezes mais chances de viver na pobreza extrema do que se tivesse nascido numa área urbana. Sete vezes mais possibilidades de morar numa casa sem luz elétrica e o triplo de não ter água e banheiro. Não surpreende que a zona rural tenha perdido cinco milhões de habitantes em duas décadas, enquanto a população das cidades ficava 45 milhões maior, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010 e que começou a ser divulgado no fim de abril.

O censo - que aponta a existência de 190 milhões de brasileiros, 85% em áreas urbanas - está ajudando o governo a preparar um plano de combate à pobreza extrema que deve ser anunciado em junho. A partir dele, foi possível definir o que seria pobreza extrema e identificar quem são e como vivem os brasileiros mergulhados nela. A conclusão é de que se trata de alguém com renda mensal máxima de R$ 70 reais e de que há 16,2 milhões de pessoas nesta situação. São eles o alvo do futuro programa.

Os miseráveis espalham-se de forma parecida entre a zona urbana e a rural. São 8,6 milhões na primeira e 7,5 milhões, na segunda. Mas há indícios de que o pobre camponês parece sofrer mais, porque a infra-estrutura rural é bem pior e o peso da miséria na população rural, também. Falta luz para cerca de 15% dos miseráveis camponeses e cerca de 2% dos urbanos. Falta água para 75% e 20%, respectivamente. Esgoto é uma realidade para uns 10% dos pobres do campo e uns 45% dos urbanos. Nas cidades, encontra-se um miserável a cada vinte pessoas. No campo, um a cada quatro.

Ações emergenciais e específicas
Não por acaso, “ações emergenciais de combate à pobreza rural” são o primeiro item da pauta de reivindicações do Grito da Terra 2011, que a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) realiza na próxima terça (17/05) e quarta-feira (18/05). A entidade, que se mobiliza todos os anos em Brasília para pressionar governo e Congresso a adotar medidas de interesse dos camponeses, pede assentamento de famílias acampadas, mais acesso ao Bolsa Família e mais programas de qualificação profissional, entre outras “ações emergenciais”.

“A presidenta Dilma tem clareza de que é fundamental evitar a favelização rural. No programa de combate à miséria, ela encomendou medidas muito fortes nesses aspecto”, afirma o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.

O plano ainda não está fechado, mas manifestações já feitas pelo ministério do Desenvolvimento Social, responsável pela elaboração dele, mostram que a estrutura do programa será um tripé. Haverá transferência de renda às pessoas, nos moldes do Bolsa Família (o que não quer dizer que serão dois pagamentos mensais). Esforço para melhorar a infra-estrutura dos lugares onde vive a população miserável (levar luz e água, por exemplo). E tentativa de “inclusão produtiva” dos beneficiados, para que eles consigam levar a vida sem depender de repasse mensal do governo.

Em relação ao campo, a dimensão “inclusão produtiva” tentará fazer com que as pessoas tenham terra e condições (financimento e apoio técnico oficiais) de produzir para comer e, se possível, vender. Pelo menos neste aspecto, o pobre rural está em vantagem frente ao urbano. Possui uma profissão quase natural (produtor agrícola) e, em alguns casos, um meio de produção (terra). Mas haverá espaço para o camponês pobre nas bem sucedidas estatísticas do agronegócio?

Fotos: Agência Brasil