Embora metade da população brasileira se
identifique como preta ou parda, a história das raízes africanas do Brasil
ainda é tema pouco tratado nas salas de aula. Promulgada há dez anos, a lei
10.639, que determina o ensino da cultura afro-brasileira, esbarra na falta de
capacitação dos professores e até no racismo velado que permeia a sociedade.
Nas escolas do semiárido ainda nos deparamos com a
desinformação dos educadores quanto a obrigatoriedade do ensino da história e
da cultura afro-brasileira e o despreparo quando as alternativas para a
implementação de uma proposta pedagógica e curricular que contemple a inserção
deste tema nos programa de ensino.
No entanto, são comuns as cenas de preconceitos
contras jovens e adolescentes negros no cotidiano das escolas, sejam de forma
explicitas ou do racismo velado, proferidos tanto por alunos quanto pelos próprios
profissionais da educação.
O fato é que cenas de bullying por parte dos
colegas e racismo por parte do próprio sistema se reproduzem em escolas de todo
o Brasil. Mais de um século após o fim da escravidão, o país que mais recebeu
trabalhadores negros ainda trata esses cidadãos como se fossem subalternos,
segundo especialistas ouvidos pela reportagem.
A lei 10.639, promulgada em 2003, foi criada
justamente com o intuito de valorizar as raízes africanas do país e superar o
racismo.
A pesquisadora da UERJ (Universidade Estadual do
Rio de Janeiro), Stela Guedes Caputo,
demonstra que há avanços no trabalho com a cultura negra nas escolas, mas na
maior parte dos casos, é geralmente iniciativa isolada de um professor que
gosta do tema. E também há o problema da descontinuidade. Se o professor deixa
a escola, muitas vezes o assunto deixa de ser abordado.
Além do despreparo dos profissionais da educação
para abordarem este tema no âmbito dos projetos educativos, ainda temos a
ausência de elementos de origem afro nos livros escolares.
De acordo com a Secretária de Educação
Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação
(MEC) estão sendo oferecidos cursos sobre a educação étnico-racial e a cultura
afro-brasileira por meio da Rede Nacional de Formação Continuada. Além disso, na
última década, os editais para o desenvolvimento de livros didáticos
financiados pelo MEC também exigem esse conteúdo.
Para maiores informações sobre o tema e aquisição de materiais didático, acesse: acordacultura.org.br ou geledes.org.br
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