domingo, 26 de janeiro de 2014

Ensino da cultura afro-brasileira ainda é um desafio nas escolas do semiárido


Embora metade da população brasileira se identifique como preta ou parda, a história das raízes africanas do Brasil ainda é tema pouco tratado nas salas de aula. Promulgada há dez anos, a lei 10.639, que determina o ensino da cultura afro-brasileira, esbarra na falta de capacitação dos professores e até no racismo velado que permeia a sociedade.
Nas escolas do semiárido ainda nos deparamos com a desinformação dos educadores quanto a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura afro-brasileira e o despreparo quando as alternativas para a implementação de uma proposta pedagógica e curricular que contemple a inserção deste tema nos programa de ensino.
No entanto, são comuns as cenas de preconceitos contras jovens e adolescentes negros no cotidiano das escolas, sejam de forma explicitas ou do racismo velado, proferidos tanto por alunos quanto pelos próprios profissionais da educação.
O fato é que cenas de bullying por parte dos colegas e racismo por parte do próprio sistema se reproduzem em escolas de todo o Brasil. Mais de um século após o fim da escravidão, o país que mais recebeu trabalhadores negros ainda trata esses cidadãos como se fossem subalternos, segundo especialistas ouvidos pela reportagem.
A lei 10.639, promulgada em 2003, foi criada justamente com o intuito de valorizar as raízes africanas do país e superar o racismo.
A pesquisadora da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), Stela Guedes Caputo, demonstra que há avanços no trabalho com a cultura negra nas escolas, mas na maior parte dos casos, é geralmente iniciativa isolada de um professor que gosta do tema. E também há o problema da descontinuidade. Se o professor deixa a escola, muitas vezes o assunto deixa de ser abordado.
Além do despreparo dos profissionais da educação para abordarem este tema no âmbito dos projetos educativos, ainda temos a ausência de elementos de origem afro nos livros escolares.
De acordo com a Secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (MEC) estão sendo oferecidos cursos sobre a educação étnico-racial e a cultura afro-brasileira por meio da Rede Nacional de Formação Continuada. Além disso, na última década, os editais para o desenvolvimento de livros didáticos financiados pelo MEC também exigem esse conteúdo.
Para maiores informações sobre o tema e aquisição de materiais didático, acesse: acordacultura.org.br ou geledes.org.br

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