O
processo eleitoral de 2018 tornou o cenário político brasileiro ainda mais tenso
e incerto, principalmente com o ressurgimento de forças ultraconservadoras que,
movidas pelo espírito autoritário e fascista, põe em cheque os princípios democráticos
pactuados no Brasil a partir da Constituição de 1988 que, em tese, deveriam
orientar os processos democráticos no país.
Em
meio aos embates políticos, observamos que passa despercebido, no seio da
sociedade e no âmbito das instituições de ensino, os riscos que o processo
eleitoral trazer para o campo da educação. O golpe parlamentar de 2016 fez
avançar o processo de destruição da educação pública, com a forte influência
das corporações empresariais sobre as políticas educacionais, principalmente na
definição dos princípios políticos e ideológicos que irão nortear as políticas
curriculares das escolas públicas, tendo como foco os falsos discursos da
meritocracia e da educação de qualidade para esconder os verdadeiros interesses
economicistas que permeiam as políticas neoliberais.
Sob
a influência do mercado e do ideário neoliberal, cresce uma tendência de
privatização da educação pública: 1) com as propostas de cobranças de taxas nas
instituições públicas, sob o argumento da insuficiência de recursos públicos
para garantir o direito a educação a população mais pobre do país; 2) com a
contratação de empresa para assumir a gestão política e pedagógica das escolas
através das políticas de terceirização dos serviços públicos atreladas muitas
vezes aos acordos políticos que alimentam os esquemas de corrupção; 3) com a aquisição de pacotes educacionais (composto de materiais didáticos,
formação continuada dos profissionais e o assessoramento pedagógico das redes
públicas), que favorecem o repasse de uma parcela significativa de recursos
públicos para os grupos de educação privada.
Por
outro lado, surfando sobre o discurso da precariedade da educação pública,
cresce o número de corporações nacionais e internacionais que passam a investir
na educação privada, transformando este setor num dos mais lucrativos do mundo.
Além
deste cenário, temos ainda a ofensiva das forças ultraconservadoras com suas
pautas autoritárias, permeadas pelas ideologias machistas, fascistas e
xenófobas que tentam silenciar as escolas com a propagação de projetos
educativos ortodoxos que nega a diversidade de pensamentos, culturas e práticas
sociais que permeiam as sociedades democráticas. Diante desse contexto, notamos
que se mantém viva a luta dos movimentos sociais que resistem e denunciam o
desmonte da educação pública e reafirmam o direito da população brasileira a
educação pública e gratuita.
A partir de 2003, em meio às contradições políticas dos
governos progressistas, passamos a conviver com avanços significativos no campo
da educação, com a implantação de programas e políticas educacionais que
apontavam na perspectiva do fortalecimento e expansão da educação pública e na construção
de projetos educativos comprometidos com a democratização das escolas e o reconhecimento das diversidade culturais e sociais que caracteriza a sociedade
brasileira, garantindo as populações mais pobres o direito a educação. Em
virtude disso, precisamos apostar num candidato que tenha o compromisso com o
fortalecimento da educação pública associado a construção de um projeto de
sociedade justo e democrático.
Elmo de Souza Lima - Doutor em
Educação e professor do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade
Federal do Piauí (UFPI).
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