quinta-feira, 30 de maio de 2019

Fórum do Semiárido promove intercâmbio de experiência sobre educação contextualizada no Piauí

O Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido promoveu, nos dias 24 e 25 de maio, na Ecoescola Thomas a Kempis em Pedro II, o Intercâmbio de Professoras/es que atuam nas escolas do Semiárido do Piauí, com o intuito de promover a troca de experiências acerca da educação contextualizada.
O evento contou com a participação de cerca 80 educadores/as das regiões norte e centro sul do Piauí que participaram da formação desenvolvida pelo Programa Cisterna nas Escolas, implementado pela Articulação no Semiárido Brasileiro (Asa Brasil).
Durante o intercâmbio, o sociólogo Carlos Humberto Campos, membro do Fórum do Semiárido destacou os avanços conquistados nos últimos anos na área da educação para a convivência com o semiárido no Piauí a partir do trabalho do Projeto Cisternas nas Escolas e do trabalho da Rede de Educação no Semiárido Brasileiro (RESAB).
“O projeto (Cisterna nas Escolas) trouxe a oportunidade de debater a educação e a valorização da cultura local, oportunizou também reafirmar de que o Semiárido é uma terra fantástica, um território belíssimo, cheio de oportunidades”. O palestrante lembrou também de que o projeto promoveu ainda o fortalecimento do modelo de educação contextualizada, onde traz como protagonista o saber e a cultura locais.
Um outro momento forte de troca de conhecimentos ocorreu também durante o depoimento das integrantes dos povos indígenas Potiguara do Ceará. Teca Potiguara, umas das lideranças indígenas convidadas, relatou algumas das bandeiras de lutas das aldeias no município de Monsenhor Tabosa - CE. Entre os desafios citados estar a luta pela terra e pelo direito a educação contextualizada nas aldeias. Destacou que a partir da luta dos povos indígenas já conquistaram sua escola indígena estadual, mas que precisam avançar muito, pois grande parte das propostas ainda não sai do papel.
Na tarde de sexta feria (25/05), houve a apresentação da experiência de educação para a convivência com o semiárido desenvolvido pela Escola Municipal Liberato Vieira, do município de Ipiranga do Piauí. Com a socialização dos projetos construídos em parceria com a comunidade, foi possível perceber o quanto a escola evoluiu na construção de conhecimentos e saberes voltados ao contexto sociocultural dos/as educandos/as. Segundo a professora Heulália, uma das apresentadoras da proposta, a Escola Liberato Vieira é hoje uma referência no município, principalmente pela metodologia que a escola trabalha com seus alunos. “Realizamos seminários ambientais, participamos de intercâmbios em outros estados, além do viveiro de mudas que cultivamos após a chegada da cisterna na escola. Nossas ações realizadas tanto com os/as educandos/as quanto com as famílias da comunidade, tem nos oportunizados receber a visita de vários grupos, agricultores/as e professoras/es de outras escolas durante o ano”, disse Heulália.
Ainda no primeiro dia de intercâmbio, o professor da Universidade Federal do Piauí, Elmo de Souza Lima, membro da Rede de Educação no Semiárido Brasileiro (RESAB), proferiu a palestra “Educação do Campo: conquistas e desafios”, destacando os avanços e os desafios vivenciados a partir das lutas dos movimentos sociais na implementação do projeto de educação do campo nas escolas do semiárido.
Segundo o professor, é necessário que os movimentos sociais do semiárido assumam essa luta na defesa dos direitos a educação contextualizada, publica e de qualidade.  “Nós só vamos conseguir mudar essa realidade que a gente vive no Semiárido, quando nós conseguirmos garantir a esses jovens o direito a uma educação de qualidade, o direito ao acesso a um conhecimento que permita essas pessoas se reconhecerem como sujeitos capazes de transformar essa realidade”, comentou o professor.
No segundo dia, outras duas escolas apresentaram suas experiências focadas no protagonismo do Semiárido. A primeira a trazer suas experiências foi a Ecoescola Thomas a Kempis de Pedro II, local onde acontecia o evento. Inicialmente o público conheceu as áreas da escola onde os/as educadores/as e técnicos trabalham as aulas práticas com os alunos como o cultivo e manejo das hortas agroecológicas, produção de composto orgânico, manejo de pequenos animais entre outras boas práticas de convivência com o Semiárido.
No segundo momento, a coordenadora pedagógica Jaqueline de Sousa apresentou o resultado de uma pesquisa científica onde traz relatos de jovens estudantes destacando a mudança de olhares sobre o conceito de vida no campo, o quanto esse olhar mudou, após alguns anos de estudos na Ecoescola.
A programação do evento contemplou ainda a apresentação do professor Francilândio da comunidade Brejinho do município de Milton Brandão, demonstrando o novo jeito de trabalhar com as crianças a partir do despertar que ele teve ao participar dos cursos, oficinas e intercâmbios promovidos pelo projeto Cisternas nas Escolas. O professor apresentou um projeto pedagógico de sua autoria que estar desenvolvendo comunidade onde trabalha, onde os alunos começaram a transformar o ambiente da escola na manutenção da horta escolar, os estudos adaptados com o contexto local como os animais e plantas nativas existentes na região entre outros.
A organização do evento trouxe para a parte final do intercâmbio, algumas proposições no campo dos encaminhamentos. Ente eles, o compromisso de professoras/es, direções e coordenações das escolas incluírem em suas propostas pedagógicas, ações que contemplem o contexto da comunidade. Também ficou a proposta para que o Fórum Piauiense continue articulando e motivando esse tipo de espaço para que o debate e a troca de conhecimentos possam ter continuidade.
Fonte: Ascom FPCSA

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