O evento contou com a participação de
cerca 80 educadores/as das regiões norte e centro sul do Piauí que participaram
da formação desenvolvida pelo Programa Cisterna nas Escolas, implementado pela
Articulação no Semiárido Brasileiro (Asa Brasil).
Durante o intercâmbio, o sociólogo Carlos
Humberto Campos, membro do Fórum do Semiárido destacou os avanços conquistados nos
últimos anos na área da educação para a convivência com o semiárido no Piauí a
partir do trabalho do Projeto Cisternas nas Escolas e do trabalho da Rede de Educação no Semiárido Brasileiro (RESAB).
“O projeto (Cisterna nas Escolas) trouxe a oportunidade de
debater a educação e a valorização da cultura local, oportunizou também
reafirmar de que o Semiárido é uma terra fantástica, um território belíssimo,
cheio de oportunidades”. O palestrante lembrou também de que o projeto promoveu
ainda o fortalecimento do modelo de educação contextualizada, onde traz como
protagonista o saber e a cultura locais.
Um outro momento forte de troca de conhecimentos
ocorreu também durante o depoimento das integrantes dos povos indígenas
Potiguara do Ceará. Teca Potiguara, umas das lideranças
indígenas convidadas, relatou algumas das bandeiras de lutas das aldeias no município de Monsenhor Tabosa - CE. Entre os desafios citados estar a
luta pela terra e pelo direito a educação contextualizada nas aldeias. Destacou
que a partir da luta dos povos indígenas já conquistaram sua escola indígena
estadual, mas que precisam avançar muito, pois grande parte das propostas ainda
não sai do papel.
Na tarde de sexta feria (25/05), houve
a apresentação da experiência de educação para a convivência com o semiárido
desenvolvido pela Escola Municipal Liberato Vieira, do município de Ipiranga do
Piauí. Com a socialização dos projetos construídos em parceria com a
comunidade, foi possível perceber o quanto a escola evoluiu na construção de
conhecimentos e saberes voltados ao contexto sociocultural dos/as educandos/as.
Segundo a professora Heulália, uma das apresentadoras da proposta, a Escola
Liberato Vieira é hoje uma referência no município, principalmente pela
metodologia que a escola trabalha com seus alunos. “Realizamos seminários
ambientais, participamos de intercâmbios em outros estados, além do viveiro de
mudas que cultivamos após a chegada da cisterna na escola. Nossas ações
realizadas tanto com os/as educandos/as quanto com as famílias da comunidade,
tem nos oportunizados receber a visita de vários grupos, agricultores/as e
professoras/es de outras escolas durante o ano”, disse Heulália.
Ainda no primeiro dia de intercâmbio, o
professor da Universidade Federal do Piauí, Elmo de Souza Lima, membro da Rede de Educação
no Semiárido Brasileiro (RESAB), proferiu a palestra “Educação do Campo:
conquistas e desafios”, destacando os avanços e os desafios vivenciados a
partir das lutas dos movimentos sociais na implementação do projeto de educação
do campo nas escolas do semiárido.
Segundo o professor, é necessário que os movimentos sociais do semiárido assumam essa luta na defesa dos direitos a educação
contextualizada, publica e de qualidade. “Nós só vamos conseguir
mudar essa realidade que a gente vive no Semiárido, quando nós conseguirmos
garantir a esses jovens o direito a uma educação de qualidade, o direito ao
acesso a um conhecimento que permita essas pessoas se reconhecerem como
sujeitos capazes de transformar essa realidade”, comentou o professor.
No segundo dia, outras duas escolas
apresentaram suas experiências focadas no protagonismo do Semiárido. A
primeira a trazer suas experiências foi a Ecoescola Thomas a Kempis de Pedro
II, local onde acontecia o evento. Inicialmente o público conheceu as áreas da
escola onde os/as educadores/as e técnicos trabalham as aulas práticas com os
alunos como o cultivo e manejo das hortas agroecológicas, produção de composto
orgânico, manejo de pequenos animais entre outras boas práticas de convivência
com o Semiárido.
No segundo momento, a coordenadora pedagógica
Jaqueline de Sousa apresentou o resultado de uma pesquisa científica onde traz
relatos de jovens estudantes destacando a mudança de olhares sobre o conceito
de vida no campo, o quanto esse olhar mudou, após alguns anos de estudos na
Ecoescola.
A programação do evento contemplou ainda
a apresentação do professor Francilândio da comunidade Brejinho do município de
Milton Brandão, demonstrando o novo jeito de trabalhar com as crianças a partir
do despertar que ele teve ao participar dos cursos, oficinas e intercâmbios
promovidos pelo projeto Cisternas nas Escolas. O professor apresentou um
projeto pedagógico de sua autoria que estar desenvolvendo comunidade onde
trabalha, onde os alunos começaram a transformar o ambiente da escola na
manutenção da horta escolar, os estudos adaptados com o contexto local como os
animais e plantas nativas existentes na região entre outros.
A organização do evento trouxe para a
parte final do intercâmbio, algumas proposições no campo dos encaminhamentos.
Ente eles, o compromisso de professoras/es, direções e coordenações das escolas
incluírem em suas propostas pedagógicas, ações que contemplem o contexto da
comunidade. Também ficou a proposta para que o Fórum Piauiense continue
articulando e motivando esse tipo de espaço para que o debate e a troca de
conhecimentos possam ter continuidade.
Fonte: Ascom FPCSA
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