terça-feira, 6 de julho de 2010

Organização da ASA lança materiais didáticos contextualizados com o Semiárido

Materiais irão contribuir para práticas pedagógicas contextualizadas
Daiane Almeida - Comunicadora Popular da ASA
Feira de Santana/BA
11/05/2011
Mesa de debate sobre a educação contextualizada
A abordagem sobre o Semiárido, sua gente, cultura e identidade já não é a mesma há mais de uma década. Uma série de ações, projetos, metodologia e os seus sujeitos vêm contribuindo ao longo desses anos para mudar a percepção do sertão como um lugar inviável e miserável para seu povo viver. Como uma das alternativas de mostrar os resultados dessa caminhada de forma sistematizada, foi lançado no último dia 9, na Universidade Estadual de Feira de Santana, na Bahia,  materiais didáticos sobre educação contextualizada.
Um caderno pedagógico e uma série com oito desenhos animados irão contribuir para que alunos e professores - sujeitos que inspiraram a produção dos materiais - tenham uma aula diferente. O objetivo das produções é reunir as práticas já existentes e trazer uma reflexão teórica e metodológica que sirva de subsídio para ações pedagógicas na perspectiva da educação contextualizada e da convivência com o semiárido.
Durante o evento, educadores, alunos, representantes da sociedade civil e gestores públicos assistiram a um episódio da série Água, Vida e Alegria no Semiárido, produzida pela Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA) em parceria com o Movimento de Organização Comunitária (MOC) e apoio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
Professor Reginaldo e a turma da escola de Ponto Novo
Na ocasião, alunos da comunidade Ponto Novo, situada no município de Riachão do Jacuípe e o professor Reginaldo Miranda de Souza, cantaram um repente em homenagem ao lançamento. A turma e o professor foram a grande inspiração para os personagens da série televisiva, construídos a partir dos desenhos das crianças. O resultado desse trabalho também originou as ilustração do caderno pedagógico.
Para Reginaldo Miranda, a experiência significou aprendizado e uma mudança positiva na autoestima dos alunos. “Foi uma experiência maravilhosa, emocionante. Influenciou no aprendizado dos alunos e no meu também. Trouxe conhecimento e valorização da ideia de que é possível viver bem no Semiárido, evitar o êxodo. Esses desenhos foram uma guinada na autoestima dos alunos e no trabalho com o meio ambiente”, enfatizou Reginaldo Miranda.
Para Sheila dos Santos, uma das alunas do professor Reginaldo, participar desse trabalho “foi muito bom, nós aprendemos mais sobre a escola, o meio ambiente e o semiárido”.
Um trabalho de muitas mãos - A partir da ação de projetos como Conhecer, Analisar e Transformar (CAT), Baú de Leitura e outros, uma perspectiva diferente de educação foi sendo construída ao longo dos anos. Com a intervenção de educadores, coordenadores, da equipe de Educação do Campo do MOC e gestores públicos,  a concepção e a prática da educação contextualiza foi ganhando novos elementos e se ampliando.
O resultado disso pode ser conferido no Caderno I - Construindo Saberes para Educação Contextualizada, que surge com o objetivo de divulgar essa experiência e contribuir para o trabalho de muitos educadores e educadoras, como afirma Vera Carneiro, coordenadora da equipe de Educação do MOC, na abertura da mesa em que o material foi apresentado. “Não se encontravam materiais contextualizados sobre a nossa realidade. A partir da necessidade de trabalhar nessa perspectiva, levando em consideração nossa cultura e identidade, professores reivindicaram que algo fosse produzido nesse sentido. Portanto, esse trabalho foi uma construção coletiva das formas de trabalhar o conhecimento valorizando os saberes, questões envolvendo o Semiárido”, ressaltou Vera Carneiro.
Também na mesa de abertura, juntamente com representantes da Resab, ASA, Secretaria de Educação do Estado e MOC, Eliene Novaes, representante da Contag, falou da importância desse material. “Essas iniciativas são importantes por que dão visibilidade e tiram do anonimato os sujeitos do campo. Sabemos que quando produzimos materiais disseminamos ideias, contribuímos para desconstruir essa idéia negativa sobre o Semiárido. Esse material dá voz a professores e alunos através da sua metodologia”, afirmou Eliene.
Agnaldo Rocha, da coordenação da ASA no Estado, explicou que “a missão da ASA é possibilitar a construção do saber nas comunidades do Semiárido, é a concretização do saber de forma coletiva. A criança tem que começar o aprendizado da terra onde está, do seu chão, para depois partir para o mundo, alçar grandes voos. Não considero apenas uma vitória do MOC, mas de todas as entidades que vão ter um instrumento como esse, para nós é motivo de grande alegria” ressaltou Agnaldo Rocha, coordenador da ASA Bahia.

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