quinta-feira, 7 de julho de 2011

Ecoescola apresenta resultado de projeto em produção orgânica

Cerca de 400 pessoas participaram da atividade em Pedro II
Desenvolvido desde agosto do ano passado, monitorado e assessorado até o presente momento por uma equipe técnica da Ecoescola Thomas a Kempis, o projeto Eco Verde de produção orgânica apresentou seus resultados no último sábado (02/07). A atividade ocorreu na propriedade de Seu Oliveira e Dona Ceiça, em Barro dos Lopes, localizada a oito quilômetros da sede do município de Pedro II, no Piauí.

O evento aconteceu durante o dia inteiro, com uma vasta programação que ia desde a visitação ao local de produção onde havia stands explicativos, até a apresentação de palestras relacionadas ao tema.

Estiveram presentes no dia de campo alunos/as da Ecoescola, também alunos da Escola Família Agrícola Santa Ângela (Efasa) e outros convidados como representantes de instituições, autoridades da área, professores e representantes de organizações parceiras que apoiavam o evento. Segundo a organização, a presença de jovens filhos de famílias agricultoras famílias foi tida como muita positiva.

O DIA DECAMPO
O dia de campo apresentou três momentos distintos em sua programação. Primeiro houve a acolhida e visita as áreas de plantio com exposições sobre o tema. Depois houve o momento de cerimônia com a fala dos representantes de instituições presentes. O terceiro momento foi reservado para as várias palestras sobre agroecologia assessorada pelo grupo Cajui de Parnaíba, em parceria com alunos/as de agronomia da Universidade Estadual (Uespi), núcleo daquela cidade.

O PROJETO
Roça orgânica usa materiais orgânicos para adubar o solo.
A iniciativa do Eco Verde partiu da ideia da Ecoescola Thomas a Kempis apresentar às comunidades de Pedro II e região um projeto alternativo para produzir de forma orgânica, sem que pra isso seja necessário desmatar as matas nativas da região como tradicionalmente acontece.

A partir daí, a família de Seu Oliveira e Dona Ceiça disponibilizou-se a fazer um teste em uma determinada área de sua propriedade. A área foi dividida em quatro partes, com 400² de tamanho cada. Uma parte foi aradada, em outra foram preparadas leiras, a outra foi preparada no sistema tradicional da região, sendo desmatada e queimada (chamada roça no toco) e uma outra preparada no sistema orgânico, sem queimar, sendo preparada apenas com restos de folhas e outros materiais orgânicos. Todas foram plantadas no mesmo dia com milho e feijão.

O DESENVOLVIMENTO
A partir desse estágio, todo o processo foi catalogado, cada fase de crescimento das plantas foi acompanhada. Foram anotadas também todas as despesas realizadas e, por fim, o resultado final para depois comparar a que dá menos trabalho, menos gasto e maior produtividade. Todo esse processo foi assessorado pelos técnicos Robert Fontinele e Raimundo Sousa com acompanhamento dos alunos/as do 2º ano do Ensino Médio da Ecoescola do Centro de Formação Mandacaru de Pedro II. A exepriência teve início em agosto do ano passado e foi concluído agora em junho, mês de colheita.

A idéia da Ecoescola era mostrar que uma roça orgânica ganha das demais em todos os itens: produção, gastos, tempo de serviço além de não precisar mais desmatar outros locais para fazer roça porque todo ano pode-se produzir naquele mesmo local. Mas só era possível apresentar isso de forma concreta a partir da prática numa mesma área. Por isso foram plantadas as quatro modalidades na mesma propriedade, uma ao lado da outra, assim ficaria prático comparar e apresentar os resultados para o público. Por isso a realização desse dia de campo para a população ver e compreender.

Os números apresentados no evento pelos técnicos e alunos/as, foram de impressionar. Os custos com mão de obra foram de R$150,00 para a roça no toco e de R$ 125,00 para as roças aradada e na leira. Já na roça orgânica, o custo caiu para R$ 75,00.

Com relação à produção na área, a roça orgânica conseguiu produzir 62 kg de feijão e 70 kg de milho, valor extremamente superior, chegando a mais que o dobro que a quantidade produzida na roça no toco, por exemplo, que só produziu 26 kg de feijão e 20 kg de milho. A roça aradada produziu 24 kg de feijão e 60 kg de milho e a roça na leira, 30 kg de milho e 34 kg de feijão.

Segundo a equipe, também numa projeção de custo x benefício entre a roça tradicional, (roça no toco) e uma roça orgânica em um hectare, para a produção deste ano seria de R$ 3.750,00 para a roça tradicional que produziria 650 kg de feijão e 500 kg de milho. Já a roça orgânica produziria 1.562 kg de feijão e 1.750 kg de milho, com uma despesa em mão de obra e alimentação de R$ 1.875,00.

Na informação da equipe, uma roça orgânica produz mais, consome menos e degrada menos ainda o meio ambiente. Ainda oportuniza a produção na agricultura familiar, promovendo sustentabilidade ambiental.

OS PRIMEIROS FRUTOS
Segundo Seu Oliveira, proprietário da área que serviu de experimento, dois agricultores locais já estão prontos para trabalhar esse método de produção através da roça orgânica. “No início é difícil acreditar, afinal, muitos serviços praticados aqui são contrários aos que fazemos há anos. Mas no final, o resultado é compensador, pois além de produzir bem, preservamos a natureza”, afirmou.

Para o técnico Robert Fontinele, as famílias que aceitam começar a produzir de forma agroecológica devem crer nos resultados. “Quem produz precisar acreditar que não é mais possível plantar desmatar e queimar tudo pela frente para plantar e no ano seguinte fazer o mesmo já em outro local. É preciso produzir o alimento sim, mas de forma ecológica preservando a biodiversidade. Produzir através da agroecologia”, reforçou.
Neto Santos - comunicador popular da ASA - Pedro II - PI

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