Os estudos desenvolvidos em vários países demonstram
que as crianças que tiveram a oportunidade de frequentar uma educação infantil de
qualidade apresentam bons resultados no seu percurso educativo e no
desenvolvimento sociocultural.
A pesquisa “A pré-escola no Brasil”, elaborado
por Ruben Klein, mostra que, segundo a análise dos resultados do Saeb, uma boa
pré-escola faz diferença e pode atenuar as desigualdades sócio-econômicas,
criando novas oportunidades para o desenvolvimento integral da criança.
No entanto, na maioria dos municípios do
semiárido brasileiro o acesso a educação infantil ainda é um desafio, tendo em
vista a ausência de políticas educacionais voltadas à construção de centros de
educação infantil que atenda as demandas de acesso e permanência das crianças
de 0 a 05 anos no sistema público de ensino.
Por outro lado, temos a ausência de uma proposta pedagógica consistente voltada à formação integral da criança,
centrada na dimensão do educar e cuidar, e a construção de projetos educativos
que permita o desenvolvimento físico, psicológico, intelectual e social da
criança, complementando a ação da família e da comunidade e sua inserção no
contexto sociocultural. Projetos de valorizem a cultura das crianças e permitam
a construção de sua identidade a partir da inserção e valorização do seu mundo
sociocultural. Além disso, é fundamental investir na formação continuada de
educadores para atuarem com competência política, pedagógica e técnica na
educação infantil.
Estudo desenvolvido pela Fundação Carlos Chagas, em 2010, sobre a educação infantil no Brasil demonstrou que outro
aspecto preocupante está associado à construção de espaços educativos que
favoreçam o desenvolvimento de atividades pedagógicas associada ao brincar, a
ludicidade, aos jogos, as artes, dentre outras atividades que possam contribuir
na formação cognitiva, afetiva, psicossocial e cultural das crianças pequenas. Diante
desse contexto, os argumentos dos gestores públicos municipais estão associados
sempre a ausência de recursos para investir na educação infantil.
Com o intuito de ampliar a oferta da educação
infantil no país, o Ministério da Educação publicou uma portaria no Diário
Oficial da União desta quarta-feira (18) autorizando o Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE) a realizar a transferência de recursos financeiros
para os municípios utilizarem na manutenção de novas matrículas e abertura de
novas turmas.
Para o ano de 2014, ficou estabelecido
que as creches públicas receberão R$ 2.629,27 para cada aluno matriculado em
período integral e R$ 1.618,01 para período parcial. Já as pré-escolas
receberão R$ 2.629,27 por cada aluno do período integral e R$ 2.022,51 para o
parcial. O recurso será fornecido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e deve ser aplicado exclusivamente em despesas correntes para a manutenção e desenvolvimento da educação infantil pública. No uso do recurso financeiro, os
estabelecimentos beneficiados deverão assegurar condições de acessibilidade para as pessoas com deficiência.
Desse modo, é importante que a população, os educadores e movimentos sociais assumam uma postura ativa e crítica na fiscalização destes recursos. Sem o controle social da população e dos educadores, corre-se o risco destes recursos chegarem aos municípios e não serem utilizados com a finalidade de melhorar a qualidade da educação infantil, principalmente para as crianças das classes populares que mais precisam deste serviço público, gratuito e de qualidade.
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